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Equilíbrio em Alcabideche

  • Foto do escritor: Marina Viana
    Marina Viana
  • 4 de jun. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jun. de 2018


De acordo com o dicionário, "complexo social" trata-se de uma construção composta de numerosos elementos interligados ou que funcionam como um todo. Partindo dessa ideia, foi criado o complexo social em Alcabideche, Portugal. Esse projeto foi feito pelos arquitetos José Guedes Cruz, César Marques e Marco Martinez Marinho – da empresa Guedes Cruz Arquitectos – e finalizado em 2012. Uma das partes relevantes dessa obra é a atenção dada ao componente humano, uma vez que é um projeto baseado em cidades mediterrâneas (nas quais ruas, jardins e praças se tornam prolongamentos das casas).


Fachada das residências | Foto: Ricardo Oliveira Alves

Mas qual o propósito dessa construção? O complexo social de Alcabideche é uma obra com aspectos modernos e sofisticados feita com o objetivo de preencher (um pouco) a lacuna no sistema de apoio à população da terceira idade. A construção foi promovida pela Fundação Social do Quadro Bancário e, de acordo, com os arquitetos responsáveis, esse complexo residencial reflete a importância da qualidade de vida em Portugal, sobretudo para idosos. Além disso, o equilíbrio mencionado no título se dá pela harmonia entre privacidade e vida em sociedade.

O complexo fica situado na região metropolitana de Lisboa e possui, precisamente, 9956 metros quadrados de área construída. O espaço todo abrange 52 casas e um edifício de apoio – onde existem as áreas sociais, enfermagem e quartos individuais para doentes acamados. A estrutura em malha reticular (formatos quadrados) de construção permite ruas de diferentes larguras, destinadas ao deslocamento das pessoas (durante o dia com as sombras projetadas pelas casas e durante a noite guiadas pelas luzes das próprias residências).

O complexo parece um bairro planejado saído de um episódio de Black Mirror. As casas têm o formato de caixas e são feitas com concreto aparente. As residências possuem janelas amplas de vidro translúcido que permitem muita entrada de luz natural para o interior. O piso das vias externas é liso, fosco e não têm desenhos para evitar problemas na coordenação motora já debilitada de muitos moradores. Além disso, o acesso a alguns poucos desníveis é feito através de rampas com inclinação bem sutil ou pequenas escadas e, para facilitar, essas passagens possuem corrimão e guarda-corpo.


Áreas do Complexo | Foto: Ricardo Oliveira Alves

Além de outras coisas, um dos pontos de destaque – e inovação – do projeto são as coberturas das casas. O material translúcido das coberturas (que são no formato de caixas brancas) é fundamental para o equilíbrio ambiental/térmico do interior das unidades. Esse equilíbrio acontece porque o material translúcido reflete os raios solares que incidem e a camada de ar, criada entre a cobertura e a base de concreto aparente, juntamente com o filtro de ventilação impedem que o interior da residência se aqueça no verão. No inverno, o piso é aquecido graças aos painéis fotovoltaicos. As coberturas são também impermeáveis e resistentes ao fogo.

Quando escurece, as coberturas translúcidas são acesas em grupos de 10 em 10 alternadamente e com isso elas iluminam os espaços exteriores às casas. Isso resulta em um ambiente agradável e seguro para que os moradores possam se deslocar à noite entre os diferentes espaços do complexo. Além disso, as coberturas das unidades têm outra função: em caso de urgência os moradores podem ativar um dispositivo de alarme que alerta a central de segurança (localizada no edifício central) e a luz da cobertura muda de branca para vermelha.


Cobertura após acionado o alarme de emergência | Foto: Ricardo Oliveira Alves

No edifício central é possível encontrar todos os serviços necessários para que haja um bom funcionamento dos sistemas do complexo e para que a qualidade de vida seja assegurada. Por exemplo, o edifício central abriga os sistemas de produção de energia – a energia captada pelas placas fotovoltaicas convergem para essa central – que é usada nas atividades do próprio complexo como, aquecimento de água e climatização.

Felizmente, as inovações e técnicas sofisticadas desse projeto não ignoram a sustentabilidade. Por exemplo, durante a obra, depois que descobriram uma nascente subterrânea eles passaram a utilizar essa água para regar as áreas de jardins e lavar as vias de circulação, contribuindo então para redução de custos e de desperdícios.

Considerando a relevância de um projeto como esse, não é de se surpreender que em 2014, a empresa Guedes Cruz Arquitectos recebeu em Nova York o prêmio do melhor projeto a nível mundial nas categorias Institucional/Saúde e Bem-Estar, pelo complexo social em Alcabideche. Os arquitetos responsáveis (citados no início do post) foram homenageados com duas menções honrosas nas categorias Architecture+Aging (projetos destinados aos cuidados com saúde e bem estar físico e psicológico) e Architecture+Light (projetos que utilizam a luz de maneira inovadora), conhecidos como os "óscares da arquitetura", atribuídos anualmente pelo Architizer, um site norte-americano de referência internacional sobre arquitetura.



Fontes:

Centro de referência em moradia, convivência e apoio para idosos (Trabalho de conclusão de curso da aluna: Larissa Wetzel. Orientação: Prof. Ms. Ricardo Wagner Alves Martins. Centro Universitário Senac, Câmpus Santo Amaro)




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2 Comments


Marina Viana
Marina Viana
Jun 09, 2018

Bem diferente né? Obrigada Giovana!! <333

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Giovana Paula Oliveira Correia
Giovana Paula Oliveira Correia
Jun 05, 2018

É surreal que isso já existe, é realmente muito black mirror!! Mas é bom que ajuda um bom número de idosos e talvez essa ideia se espalhe pelo mundo.

Amei o post Mari 💕

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