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  • Foto do escritor: Marina Viana
    Marina Viana
  • 9 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura

Vista frontal das estantes multifuncionais | Foto: Anagrama

Em 2013, a UNESCO realizou uma pesquisa em relação ao nível de leitura dos países; os resultados mostraram que o México ficou em penúltimo lugar de um total de 108 países. Os mexicanos leem em média, 2,8 livros por ano e apenas 2% deles consideram a leitura como um hábito, de fato. Além disso, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Leitura de jovens entre 12 e 17 anos, 48% deles nunca foram a uma biblioteca.

O Conselho para a Cultura e as Artes de Nuevo León (Conarte) foi criado em 1995 com o objetivo de disseminar e estimular as expressões artísticas, a cultura popular e também outras formas de manifestação de conhecimento, que valorizem conservar e difundir o patrimônio cultural do estado de Monterrey, no México.


Vista superior, com os spots direcionáveis | Foto: Anagrama

A Conarte é responsável pela construção de muitos espaços culturais, entre eles o Niños Conarte, que é a combinação perfeita entre design de interiores e aprendizagem para crianças. Este centro cultural está localizado no Parque Fundidora, nas antigas instalações da Fundidora de Ferro e Aço de Monterrey. Este local atualmente é reconhecido como o Museu de Arqueologia Industrial e é considerado herança do estado da região de Nuevo León. O projeto da Niños Conarte foi inaugurado em 2013 e conduzido pela empresa Anagrama.

A missão era criar um espaço que fomentasse o gosto pela leitura e o aprendizado para as crianças. A biblioteca infantil e o centro cultural deveriam estar dentro de um prédio parecido com um depósito, um patrimônio intocável do estado e era nisso que consistia um dos principais desafios para a empresa de design, porque ela não podia intervir diretamente na estrutura original do local mas, ao mesmo tempo, precisava melhorá-la.

O resultado envolveu autenticidade, cores e formas que atraem a atenção não apenas das crianças, mas de qualquer pessoa que visualizar o ambiente. A empresa de design conseguiu transformar o espaço numa plataforma de leitura assimétrica, multifuncional e vanguardista, cujos formatos simulam a topografia bastante montanhosa de Monterrey. As estantes de livros servem também como um espaço dinâmico para brincar, aprender, estimular a imaginação e gerar conforto durante a leitura.


Foto: Caroga

A estética colorida e geométrica da instalação contrasta diretamente com o seu antigo edifício industrial, elevando ambos os elementos de uma forma alegre e única. Além de ser marcante por suas cores vibrantes e pela maneira como os objetos estão dispostos, essa coleção tem aproximadamente 4300 volumes de 12 diferentes editoras. Inclusive, para entrar na parte da biblioteca é necessário usar meias por conta do material de carpete que recobre as estantes.

A Niños Conarte é, portanto, um espaço lúdico, de sensibilização e aprendizagem voltado às crianças, que utiliza de recursos para propiciar a socialização, a criação e a imaginação de coisas que passaram a formar a bagagem subjetiva das crianças e o modo como elas enxergarão o mundo. O design do espaço tem o intuito de transportar as crianças para uma atmosfera alegre, onde tudo gira em torno da imaginação e da sede de conhecimento. Em 2014, o lugar foi eleito como tendo a melhor biblioteca, de acordo com o Architizer, um site norte-americano de referência internacional sobre arquitetura.

Aqui alguns dos pontos de mais destaque no design do ambiente:

  • iluminação feita com spots direcionáveis, que possibilitam diferentes posições;

  • estantes de livros baixas, para facilitar o acesso dos acervos pelas crianças;

  • material que recobre as estantes com aspecto de carpete, servindo tanto para espaço de leitura quanto para rodas de conversa, por exemplo;

  • a estrutura próxima ao teto é versátil e pode ser decorada de diferentes jeitos, inclusive com brinquedos;

  • amplas janelas nas laterais do ambiente permitem um bom aproveitamento de luz natural.


  • Foto do escritor: Marina Viana
    Marina Viana
  • 4 de jun. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jun. de 2018


De acordo com o dicionário, "complexo social" trata-se de uma construção composta de numerosos elementos interligados ou que funcionam como um todo. Partindo dessa ideia, foi criado o complexo social em Alcabideche, Portugal. Esse projeto foi feito pelos arquitetos José Guedes Cruz, César Marques e Marco Martinez Marinho – da empresa Guedes Cruz Arquitectos – e finalizado em 2012. Uma das partes relevantes dessa obra é a atenção dada ao componente humano, uma vez que é um projeto baseado em cidades mediterrâneas (nas quais ruas, jardins e praças se tornam prolongamentos das casas).


Fachada das residências | Foto: Ricardo Oliveira Alves

Mas qual o propósito dessa construção? O complexo social de Alcabideche é uma obra com aspectos modernos e sofisticados feita com o objetivo de preencher (um pouco) a lacuna no sistema de apoio à população da terceira idade. A construção foi promovida pela Fundação Social do Quadro Bancário e, de acordo, com os arquitetos responsáveis, esse complexo residencial reflete a importância da qualidade de vida em Portugal, sobretudo para idosos. Além disso, o equilíbrio mencionado no título se dá pela harmonia entre privacidade e vida em sociedade.

O complexo fica situado na região metropolitana de Lisboa e possui, precisamente, 9956 metros quadrados de área construída. O espaço todo abrange 52 casas e um edifício de apoio – onde existem as áreas sociais, enfermagem e quartos individuais para doentes acamados. A estrutura em malha reticular (formatos quadrados) de construção permite ruas de diferentes larguras, destinadas ao deslocamento das pessoas (durante o dia com as sombras projetadas pelas casas e durante a noite guiadas pelas luzes das próprias residências).

O complexo parece um bairro planejado saído de um episódio de Black Mirror. As casas têm o formato de caixas e são feitas com concreto aparente. As residências possuem janelas amplas de vidro translúcido que permitem muita entrada de luz natural para o interior. O piso das vias externas é liso, fosco e não têm desenhos para evitar problemas na coordenação motora já debilitada de muitos moradores. Além disso, o acesso a alguns poucos desníveis é feito através de rampas com inclinação bem sutil ou pequenas escadas e, para facilitar, essas passagens possuem corrimão e guarda-corpo.


Áreas do Complexo | Foto: Ricardo Oliveira Alves

Além de outras coisas, um dos pontos de destaque – e inovação – do projeto são as coberturas das casas. O material translúcido das coberturas (que são no formato de caixas brancas) é fundamental para o equilíbrio ambiental/térmico do interior das unidades. Esse equilíbrio acontece porque o material translúcido reflete os raios solares que incidem e a camada de ar, criada entre a cobertura e a base de concreto aparente, juntamente com o filtro de ventilação impedem que o interior da residência se aqueça no verão. No inverno, o piso é aquecido graças aos painéis fotovoltaicos. As coberturas são também impermeáveis e resistentes ao fogo.

Quando escurece, as coberturas translúcidas são acesas em grupos de 10 em 10 alternadamente e com isso elas iluminam os espaços exteriores às casas. Isso resulta em um ambiente agradável e seguro para que os moradores possam se deslocar à noite entre os diferentes espaços do complexo. Além disso, as coberturas das unidades têm outra função: em caso de urgência os moradores podem ativar um dispositivo de alarme que alerta a central de segurança (localizada no edifício central) e a luz da cobertura muda de branca para vermelha.


Cobertura após acionado o alarme de emergência | Foto: Ricardo Oliveira Alves

No edifício central é possível encontrar todos os serviços necessários para que haja um bom funcionamento dos sistemas do complexo e para que a qualidade de vida seja assegurada. Por exemplo, o edifício central abriga os sistemas de produção de energia – a energia captada pelas placas fotovoltaicas convergem para essa central – que é usada nas atividades do próprio complexo como, aquecimento de água e climatização.

Felizmente, as inovações e técnicas sofisticadas desse projeto não ignoram a sustentabilidade. Por exemplo, durante a obra, depois que descobriram uma nascente subterrânea eles passaram a utilizar essa água para regar as áreas de jardins e lavar as vias de circulação, contribuindo então para redução de custos e de desperdícios.

Considerando a relevância de um projeto como esse, não é de se surpreender que em 2014, a empresa Guedes Cruz Arquitectos recebeu em Nova York o prêmio do melhor projeto a nível mundial nas categorias Institucional/Saúde e Bem-Estar, pelo complexo social em Alcabideche. Os arquitetos responsáveis (citados no início do post) foram homenageados com duas menções honrosas nas categorias Architecture+Aging (projetos destinados aos cuidados com saúde e bem estar físico e psicológico) e Architecture+Light (projetos que utilizam a luz de maneira inovadora), conhecidos como os "óscares da arquitetura", atribuídos anualmente pelo Architizer, um site norte-americano de referência internacional sobre arquitetura.



Fontes:

Centro de referência em moradia, convivência e apoio para idosos (Trabalho de conclusão de curso da aluna: Larissa Wetzel. Orientação: Prof. Ms. Ricardo Wagner Alves Martins. Centro Universitário Senac, Câmpus Santo Amaro)




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