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Arquitetura Parasita: melhor do que parece

  • Foto do escritor: Marina Viana
    Marina Viana
  • 2 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

“Urban Infill” – proposta de Za Bor Architects para edifício de escritórios, Moscou, Rússia | Foto: reprodução Tfod

O parasitismo, na biologia, é aquela relação ecológica na qual um organismo sobrevive se beneficiando de outro e ainda causando danos ao hospedeiro. Mas na arquitetura, esse termo ganhou um significado diferente e passou a ter um aspecto muito positivo, por sinal, apesar de o nome ainda sugerir um pouco de desconfiança. As chamadas "construções parasitas" vieram como alternativas a serem adotadas para resolver, em parte, o processo da ocupação absurda dos espaços urbanos, porém de uma forma mais reflexiva.

O aumento populacional faz com que os arquitetos e projetistas busquem opções – que não seja apenas a verticalização das cidades – que resultem em moradias de boa qualidade a preços acessíveis e que atenda às necessidades de populações economicamente vulneráveis, para evitar que sejam excluídas dos grandes centros urbanos. Como uma das possibilidades para diminuir esse problema, a arquitetura parasita é uma tendência que tem chamado atenção em muitos lugares e também tem sido objeto de discussões.

Mas no que consiste essa forma de construção? A arquitetura parasita proporciona uma nova maneira de enxergar o ambiente urbano a partir do momento que ela muda a configuração das construções que já existem. Mas não se trata de uma intervenção trivial; na verdade, ao ocupar espaços incomuns das densas áreas urbanas, a arquitetura parasita gera estranhamento e consequentemente, uma possível ideia de mudança.


Proposta de arquitetura parasita que serviria como hospedagem para desabrigados, Nova York | Foto: reprodução Deezen

Diferentemente do que talvez se pense, as construções parasitas não são feitas de forma mal-arranjada. Essas arquiteturas são agregadas à construção inicial de forma bem pensada e criativa, de forma que o design ganhe destaque. Além disso, elas podem ser anexadas em locais de segmentos diversos: escritórios, comércios, moradias, entre outros; o fato é que as construções parasitas são inseridas em locais não produtivos para, justamente, promover questionamentos acerca das questões econômicas, condições sociais de habitação e a própria sustentabilidade.

Em alguns casos, sim, as arquiteturas parasitas têm um caráter predominantemente artístico; mas eu outras situações, elas vêm não apenas para alertar sobre a falta de espaço livre nas grandes cidades, mas também, para propor situações de instalações incomuns que despertam a curiosidade. O interessante é que mesmo se tiverem somente apelo artístico, as arquiteturas parasitas provocam reflexões sobre como os espaços subutilizados podem ser redefinidos e melhor aproveitados.


Rucksack House: quarto complementar adicionado à edifício, Essen, Alemanha; design de Stefan Eberstadt | Foto: reprodução Inhabitat

Mesmo que pareçam excêntricas ao primeiro contato, é inegável que as arquiteturas parasitas têm um potencial de transformar a condição urbana atual, ainda que não com resultados imediatos, mas elas levam as pessoas a enxergarem sua própria relação com as cidades sob outro ponto de vista – menos individualista, talvez.

Alguns dos benefícios que essas construções poderiam produzir são: melhorias nos imóveis daqueles que cederem parte de seu espaço; caso sejam construídas moradias, elas poderão ser vendidas por valores mais acessíveis, uma vez que não haveriam gastos com lotes; e além disso, as arquiteturas podem ser adaptadas de acordo com a necessidade do morador. Tendo em vista essas vantagens, é fácil perceber porque a tendência desse tipo de construção tem sido debatida e cada vez mais, adotada em locais diferentes.

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