O ambiente também cura
- Marina Viana
- 14 de jul. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de jul. de 2018

Até os anos 1960 era comum que os ambientes hospitalares tivessem um aspecto muito frio e impessoal, do ponto de vista da arquitetura, por que o objetivo central era basicamente demonstrar assepsia do local e também os aparelhos modernos disponíveis para tratar os pacientes. O fato é que, com o passar dos anos, tanto a medicina quanto a arquitetura chegaram à conclusão de que o ambiente tem influencia no estado de saúde das pessoas e, por esse motivo, a arquitetura hospitalar tem se desenvolvido bastante nos últimos anos.
Nessa arquitetura, o espaço dos hospitais vão muito além disso. Eles passam a ganhar uma configuração diferente, um aspecto realmente mais acolhedor para quem estiver ocupando estes lugares; e muitas vezes é disso que os pacientes mais precisam para se curar: um espaço agradável. Na prática, ambientes clínicos e assépticos vêm ganhado materiais de acabamento, mobiliários e cores que fogem, na medida do possível, do tradicional padrão hospitalar.
O programa de necessidades de um projeto hospitalar é bastante complexo porque é algo que envolve muitas funções, setorizações diferentes, acessos, entre outros. Em projetos de hospitais, as áreas de fluxo internas e externas merecem atenção especial. O principal cuidado dessa parte é descentralizar a área de atendimento geral, onde o fluxo de pessoas é maior, das demais áreas como consultórios, pediatria e alas específicas.

Os projetos, é claro, seguem suas particularidades mas no geral eles possuem características mais funcionais, úteis e sustentáveis, que permitem aproveitar mais o espaço e garantir mais conforto. Por isso, um dos fatores relevantes é que a estrutura do local não seja "engessada", ou seja, que ela ofereça possibilidades de uma futura expansão daquele espaço, ou mesmo de uma modificação interna. Desde a fachada até os espaços internos, o projeto deve promover muita flexibilidade; nesse sentido, divisórias internas de gesso acartonado e corredores são opções bastante utilizadas.
Algumas questões nesses projetos são muito importantes, como o fluxo de pessoas, que precisa ser calculado para que a disposição dos espaços seja proporcional à sua ocupação (considerando os horários), de modo a facilitar o atendimento e a locomoção de pacientes e funcionários. Além disso os mecanismos de deslocamento devem ser bastante explorados, logicamente, como rampas, plataformas elevatórias, elevadores, entre outros, em função da acessibilidade dos indivíduos.
O emprego de vidro é muito comum, tanto por motivos sustentáveis, quanto pela questão de tornar o ambiente mais familiar e aconchegante. Para os pisos, o indicado são os revestimentos mais resistentes, mas que possam ser facilmente limpos; alguns exemplos são: mantas vinílicas, emborrachados, linóleos, cerâmicos e porcelanatos.

Detalhes de cor, luz e ventilação também estão muito presentes nesses projetos. Renovar constantemente o ar ajuda no combate às doenças (aqui entra outro aspecto importante de se utilizar vidro). Ambientes claros e alegres agem tanto sobre o fisiológico, quanto o psicológico dos pacientes. Nesse sentido, a decoração é fundamental para humanizar os espaços, seja com artigos decorativos, mobília, cores nas paredes ou outras ideias, ela promove a sensação de bem-estar e, em muitos casos, auxilia no processo de cura.
Muitos profissionais participam dos projetos da arquitetura hospitalar pois, mesmo que arquitetos, designers e engenheiros tenham as ideias, eles precisam conhecer a vivência dos profissionais e pacientes que estão nos hospitais e portanto serão os mais afetados pelo ambiente. No final, esses projetos resultam em áreas funcionais, bem iluminadas, com boa ventilação espaços muito melhor aproveitados. Os postos de trabalhos são mais moldáveis e os acessos mais fáceis, propiciando um ambiente acolhedor e revigorante.
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