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Escola Bauhaus

  • Foto do escritor: Marina Viana
    Marina Viana
  • 27 de mai. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 19 de jun. de 2018

Mais que uma escola, um movimento que transformou os conceitos da arquitetura e do design.


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Edifício da Bauhaus em Dessau

A Bauhaus surgiu em 1919, na cidade alemã de Weimer. Essa escola foi criada pelo arquiteto Walter Gropius (também alemão), que era muito influenciado pelas vanguardas europeias modernistas do século XX e, por esse motivo, queria tornar a Bauhaus a principal influência do movimento modernista — nas áreas de arte, design e arquitetura.

Uma curiosidade sobre o nome da escola é o fato de a palavra Bauhaus, que significa "casa da construção", ser o inverso do termo Hausbau, que por sua vez significa "construção da casa". Isso já demonstra o papel da escola de ser um local voltado a produção de ideias e das liberdades criativas; e não de seguir e continuar disseminando conceitos pré-determinados.

A Bauhaus foi a primeira escola de design do mundo. O objetivo inicial dessa escola era a combinação entre arquitetura, artes e design. No início da criação da Bauhaus, Gropius tomou algumas influências advindas do tipo de design que estava sendo desenvolvido por russos e holandeses, e acrescentou algumas técnicas ao objetivo inicial da escola. Nesse sentido, o caráter inovador da Bauhaus foi a combinação de artes (arquitetura, escultura e pintura) com conceitos da engenharia e do artesanato.

De acordo com Gropius, nas escolas de arte não deveria haver uma divisão tão rigorosa entre as chamadas "belas-artes"— as formas artísticas já conhecidas e renomadas — e as "artes decorativas" — voltadas para a produção de objetos da vida cotidiana. Na verdade Gropius defendia que ambas eram complementares e sustentava a existência de uma única arte, caracterizada por sua utilidade social.

As principais características do estilo bauhausiano foram: a utilização de materiais como aço, vidro e madeira; a união entre arte e artesanato; a arquitetura integrada ao urbanismo; a funcionalidade dos produtos e a influência do construtivismo. A Bauhaus transformou o design moderno pelo fato de estabelecer o estilo de formas e linhas simplificadas, delineadas pela função do objeto. Ou seja, nada de peças rebuscadas que não fossem servir ao propósito fundamental do produto.

Entretanto, é importante dizer que, mesmo pregando um design funcional e que atendesse objetivamente as utilidades cotidianas, a Bauhaus demonstrou que o aspecto funcional não deve — necessariamente — ter relação com aquilo que é monótono, sistemático e burocrático.


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Bancos. Design por Marcel Breuer

Os profissionais que formavam a equipe da escola eram pessoas de diferentes áreas. Arquitetos e designers compartilhavam o espaço e as ideias com engenheiros, pintores e artistas de ramos industriais, cada um manifestando seu ponto de vista e incorporando tendências de estilos diferentes em cada setor. Inclusive, a diferença de personalidades foi um fator importante para o sucesso da escola, pois não havia pensamento único; havia diálogo e experimentação. Paul Klee, Wassily Kandinsky e Frank Lloyd Wright foram alguns dos profissionais de destaque da Bauhaus.

Em 1925, devido às mudanças no governo alemão, a Bauhaus (que era financiada pela República de Weimer) foi deslocada para a cidade de Dessau — também na Alemanha — onde o governo era considerado de esquerda. Nessa cidade, um novo edifício foi projetado por Gropius para abrigar a escola. Essa nova construção foi marcada por características que mais tarde seriam os padrões da arquitetura moderna, como: estruturas de aço, fachadas de vidro e a própria disposição assimétrica da escola, em formato de cata-vento.


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Disposição dos setores do edifício | Reprodução Pinterest

Em 1928 Gropius sai da direção da Bauhaus e em seu lugar entra o arquiteto suíço Hannes Meyer. Entretanto, a escola é oficialmente fechada em 1932 e, após uma tentativa frustrada de restabelecer-se em Berlim, a Bauhaus encerra suas atividades no ano seguinte, por determinação do partido nazista. Mas por que os nazistas se sentiram tão ameaçados por essa escola? Pelo fato de o estilo bauhausiano pregar um ponto de vista que era oposto ao do partido. Enquanto o nazismo era nostálgico e nacionalista, a Bauhaus era cosmopolita e vanguardista.

Ironicamente, a perseguição nazista à Bauhaus garantiu a sua disseminação pois, forçada ao exílio, a ideologia da escola se espalhou pelo mundo. A difusão das ideias da Bauhaus pelo mundo se deu, por exemplo, por causa da emigração dos professores da instituição. Muitos deles partiram para os Estados Unidos — Gropius, Moholy-Nagy, Breuer, Bayer, Van der Rohe e outros — onde surgiu a Nova Bauhaus, em Chicago, (1937/1938) e o Architectes’s Collaborative — TAC, escritório de arquitetura criado por Gropius em 1945, quando era professor em Harvard.

A influência de concepções socialistas para a arte foi fundamental para estimular a mensagem funcionalista e racional da arquitetura da Bauhaus. A democratização do acesso aos produtos era um dos princípios centrais da escola. A questão não se limitava ao design das peças, mas se ampliva pelo conceito de montar e desmontar e pela democratização do mobiliário. Segundo Gropius, os desenhos arquitetônicos deveriam ser produzidos em grande escala e para todo o tipo de público.

Sobre o programa de ensino da escola, ele seguia um caráter mais prático, que tinha como objetivo levar os estudantes a dominar as possibilidades de materiais como pedra, madeira, metal, argila, vidro e as tintas. A aprendizagem era complementada por noções de previsão de custo e orçamento. Não era deixado de lado, contudo, os estudos tradicionais de geometria, da natureza, do desenho, das cores e dos volumes.

A designer Rita Almendra considera a Bauhaus como o início do conceito do design focado no utilizador — o participatory design — no qual o cliente se senta ao lado do designer para se tornar co-autor do objeto.

Apesar de a Bauhaus ter existido em tempos difíceis, a doutrina criativa e transformadora disseminada pela escola permaneceu atuante. A afirmação de Gropius, de que "o propósito da Bauhaus não era difundir um estilo, um sistema, ou um dogma, mas exercer uma influência revitalizadora sobre o desenho" ainda é repercutida em projetos diversos elaborados em ateliês de desenho industrial de todo o mundo.

No próximo ano, a inauguração da Bauhaus completa 100 anos e logicamente as comemorações desse marco serão grandiosas, principalmente na Alemanha. O Museu Bauhaus Archiv (situado em Berlim), se encontra atualmente fechado para reformas, mas entre as atividades de celebração estão a inauguração de dois museus — um Weimar e outro em Dessau — além de exposições, um festival de abertura em Berlim e um "grand tour" do modernismo que abrange 100 localidades em todo o país. É lógico que outras instituições de arte ao redor do mundo também farão eventos para comemorar o centenário da Bauhaus, uma vez que a influência cultural e social desse movimento é inquestionável.


Referências:

História da Arte (Graça Proença, 2007) | Livro




2 comentários


Marina Viana
Marina Viana
30 de mai. de 2018

Que bom que você gostou Sara <3 Muito obrigada!!!

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Sara Andrade
Sara Andrade
30 de mai. de 2018

Quem é essa autora genial? Eu amei o texto sobre Bauhaus, porque é a arquitetura tratada de um modo muito envolvente. Parabéns. E o site ainda é lindo, pra piorar a minha situação.

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